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quarta-feira, 30 de março de 2016

Uma Breve História do Software (Livre)

Lá nos anos 1960, os computadores eram máquinas enormes e caríssimas, e o software, sem valor comercial naquela época, era desenvolvido e compartilhado livremente em sua forma original: o código-fonte, que podia ser lido e modificado por qualquer programador.

Nos anos 70, surgem os microcomputadores, e o Bill Gates, visionário, compreende que o software passará a valer mais que o hardware: em 76, inicia campanha para estender a lei de copyrights para proteger o software. No mesmo período, no mundo corporativo, surge o sistema operacional UNIX, que seria referência para vários clones (BSD, AIX, Solaris, GNU...)

Em 1980, a Microsoft sela contrato histórico para fornecer o MS-DOS à IBM - poderosa fabricante de computadores corporativos que havia decidido entrar no mundo dos microcomputadores com o IBM-PC. Centenas de outras empresas passam a produzir e comercializar softwares de todos os tipos, protegidos por copyright.

Em 1985, inconformado com a crescente privatização do software, Richard Stallman define as bases para o "copyleft" (uso do copyright para garantir liberdades, e não proibições), cria a Free Software Foundation, e inicia o desenvolvimento colaborativo de um SO de código aberto e livre: o projeto GNU cresce rapidamente, desenvolvendo inúmeras ferramentas necessárias à implementação do SO, mas o componente principal, o núcleo (kernel), encontra dificuldades...

Em 1991, Linus Torvalds apresenta ao mundo um núcleo funcional para o sistema GNU. Surge o GNU/Linux, ou simplesmente, Linux. Em um mundo já dominado por grandes empresas de software proprietário, a batalha parece perdida. A indústria do software consolida-se sobre o modelo do software proprietário, e o software livre parece estar destinado ao mundo dos nerds... mas isso é apenas ilusão...

Paralelo a tudo isso, uma importante revolução estava para eclodir: a internet. O protocolo básico (TCP/IP) já havia sido desenvolvido nos anos 70. Os serviços básicos (email, BBS, IRC...) surgiram nos anos 80, mas foi em 1989 que Tim Berners-Lee apresentou ao mundo o HTML, dando origem à WWW (World-wide web). Todos esses protocolos - a infraestrutura de todo o nosso mundo moderno - havia sido desenvolvida sobre softwares livres. E continuaria evoluindo assim.

Nos anos 2000, todos os gigantes da internet (Google, Facebook, Twitter...) rodam seus serviços sobre softwares livres (sistemas operacionais, sistemas de arquivos, protocolos, bancos de dados...) - e investem pesado no desenvolvimento dessas tecnologias. O software livre ganha impulso, e passa a ser patrocinado por grandes empresas, mas continua sendo livre, graças à sagacidade de Richard Stallman, e sua copyleft

Na telinha do usuário final, seja no smartphone, seja no desktop, a maioria dos aplicativos ainda pertence ao modelo do software proprietário - mesmo que seus códigos executáveis (binários) sejam distribuídos gratuitamente, seus códigos-fonte são fechados - mas por baixo, quase tudo o que você usa, é provido por softwares livres - códigos que são desenvolvidos colaborativamente, que podem ser estudados, modificados e redistribuídos livremente, por qualquer um.

domingo, 9 de agosto de 2015

Sou muito rico - e todos deveriam ser!

Hoje acordei com o barulho da chuva na janela do meu quarto. Levantei, tomei um banho quente, e um pensamento surgiu em minha mente: sou muito rico!

Apesar de toda aquela chuva, eu estava abrigado, tomando um banho quente. Minha rua não enche, minha casa não tem infiltrações... Mas o que é riqueza, afinal? a riqueza pode ser medida? colocada em uma escala? posso considerar-me rico apenas por ter uma boa casa, com um chuveiro quente?

Certamente, sou mais rico do que qualquer Rei ou Imperador de eras passadas. Mesmo sendo um modesto cidadão de classe média, com um plano de saúde que não é dos melhores, tenho acesso a recursos médicos com os quais um faraó egípcio jamais sonhou. Parcelando em 6x sem juros, posso ir a lugares onde Alexandre, o Grande jamais conseguiria chegar. Com um PC e um plano de internet, tenho acesso a mais livros do que tudo o que foi reunido nas bibliotecas de Alexandria, ou de Bagdá.

Se a comparação com eras passadas não parece ser muito justa, então vamos pensar no presente. Bill Gates é muito mais rico do que eu, e disso eu não tenho a menor dúvida... mas sinceramente, eu não teria tanta certeza em outras comparações. Por exemplo, quando vi a notícia de que o Eike Batista tinha um Lamborghini em sua sala, o primeiro pensamento que surgiu um minha mente foi: mas por que alguém manteria um Lamborghini na sala??? - bem... talvez, seja inseguro demais dar um rolé em São Paulo pilotando um Lamborghini sem blindagem... aliás... não faz o menor sentido blindar um carro esportivo... pensando bem, acho que esse tipo de carro nem seria capaz de vencer os obstáculos das ruas de São Paulo... na boa... acho que o meu chuveiro quente é mais útil que um Lamborghini na sala. É óbvio que o Eike Batista também tem chuveiro quente - talvez até seja revestido de ouro... mas acho que você já entendeu a ideia.

A riqueza é a medida da capacidade de realizar seus desejos. Considero muito rico aquele que pode realizar a maioria dos seus desejos (e necessidades), sem precisar fazer as contas, para saber se pode ou não pagar por aquilo. Eu posso tomar quantos banhos quentes eu quiser, sem me preocupar com o valor da conta de energia no final do mês, e jamais desejei ter um Lamborghini... logo, sou muito rico.

Mas meu objetivo não é escrever um texto de filosofia de boteco, ou de auto-ajuda. Não estou aqui para relativizar a riqueza (ou a pobreza), muito menos para filosofar sobre a felicidade que podemos extrair das coisas mais simples da vida.


Enquanto eu tomo meu banho quente, em minha casa segura e confortável, a chuva está destruindo casas de pessoas que não tem a mesma sorte. Não atribuo essa minha sorte ao acaso, muito menos à vontade de um deus. A rua onde moro não enche porque houve investimento público em um sistema de drenagem eficiente. A minha casa resiste à chuva porque foi bem construída. Da mesma forma, a má sorte das inúmeras pessoas que hoje sofrem não se deve ao acaso, nem à vontade de um deus. As condições precárias de suas vidas podem ser totalmente explicadas por nossas ações.

Ao comparar a minha riqueza com a dos reis do passado, quero mostrar que a riqueza global - a capacidade global de realizar desejos e necessidades individuais - aumenta com o tempo. A humanidade é muito mais rica hoje, do que no passado, de tal modo que qualquer cidadão de classe média, hoje, tem acesso a muito mais bens e serviços que um rei da Idade Média. E que fique muito claro: isso não é mérito meu, nem seu. Podemos viajar de avião porque a humanidade desenvolveu o avião.

Mas se é assim... por que ainda há tanta miséria e fome? basicamente... por que a riqueza não é distribuída. Para que um idiota possa satisfazer um desejo tão imbecil quanto ter um Lamborghini em sua sala, é necessário que muitas outras pessoas deixem de ter acesso a bens e serviços básicos - como uma casa bem construída, em uma rua com saneamento decente, e com chuveiro quente.

Ter uma boa casa, com chuveiro quente, TV, computador, acesso à internet não é luxo! - poder ir ao shopping, jantar fora nos fins de semana, viajar, dar boa educação aos filhos, também não é luxo. Em uma sociedade justa, todos deveriam ter acesso a esses bens e serviços.

Para encerrar... esse texto também não é uma crítica ao capitalismo, nem apologia ao comunismo. É uma crítica ao egoísmo. O egoísmo é a fonte da corrupção, e haverá corrupção em qualquer sociedade, com qualquer sistema econômico, sempre que o egoísmo se tornar o seu principal valor.

Na próxima vez que você tomar um banho quente, pense nisso, e o mundo será um lugar melhor.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ateísmo: uma questão de fé


Sim, sou ateu. Não creio na existência de um Deus onipotente, onisciente e onipresente, criador de todo o Universo, que controla a queda de cada folha, em cada árvore no planeta Terra, e que observa atentamente a vida de todos os seres humanos (curiosamente, também habitantes do pequeno planeta Terra).

Do ponto de vista científico, só podemos afirmar a existência daquilo que podemos ver, tocar, ou, de algum modo, detectar. Assim funciona a ciência: a existência de microrganismos era uma hipótese, até que foi possível observá-los em microscópios. Também a existência de vida em ambientes muito inóspitos, como em crateras vulcânicas e fossas abissais era tida como impossível, até poder ser observada por equipamentos especiais. Da mesma forma, o tal bóson de Higgs!!! - mesmo tendo sido previsto teoricamente, foi necessário construir um aparato enorme para, enfim, podermos confirmar a sua existência. 

Não podemos, entretanto, negar a existência daquilo que não podemos (ainda) observar. Algumas pessoas afirmam que já viram espíritos, duendes ou seres extraterrestres... um canal de TV recentemente exibiu imagens que, supostamente, comprovam a existência de sereias (ou seres humanoides que vivem em águas profundas). Tudo isso é possível! - pode ser que existam, assim como pode ser que não existam. Não podemos afirmar nada, até que esses fenômenos possam ser observados por equipes independentes ou, ao menos, que possam apresentar registros incontestáveis. Infelizmente, não sei bem por que, todos os registros de espíritos, duendes, sereias e seres extraterrestres feitos até o momento são contestáveis: imagens borradas, que podem ter sido manipuladas, ou relatos subjetivos e inconclusivos.

Existe, portanto, um espaço imenso, que compreende tudo aquilo que a ciência não pode nem afirmar nem negar. Esse é o domínio da fé.

A ciência da cosmologia, através da teoria do Big Bang, é capaz de descrever com grande precisão cada passo da evolução do Universo, desde (quase) o seu momento inicial até o presente. Nessa teoria, não há um Deus criador do Universo. Tudo acontece como uma sequência de interações físicas, descritas precisamente por modelos matemáticos. Entretanto, tais modelos falham quando nos aproximamos do instante inicial, o momento exato onde tudo começa. A ciência não é capaz de dizer nada sobre o que aconteceu antes do Big Bang. Na verdade, os físicos dizem que não existe o "antes do Big Bang", porque o próprio tempo foi criado após o Big Bang...

É nesse ponto que os religiosos pulam da cadeira, e dizem: tá vendo aí! - Deus pôs um limite à visão do homem! - esse é o momento da criação, que só Deus é capaz de entender! - o que os cientistas chamam de "Big Bang" nada mais é do que a comprovação do momento da Criação! - Deus é eterno, e existia antes da Criação!... Do outro lado, os ateus também pulam da cadeira e respondem: Ah! mas isso não prova nada! - e o que existia antes de Deus? - quem criou Deus???

O fato é que, nesse ponto, temos que fazer uma escolha arbitrária. Uma escolha que é pessoal, íntima, e que depende exclusivamente da nossa fé: do conjunto das coisas em que acreditamos, ou que estamos dispostos a acreditar. Quando tratamos de assuntos que não podem ser provados pela razão, todos os argumentos passam a ser falhos, inconclusivos, e toda discussão passa a ser inútil.

Sim, acredito na possibilidade da existência de espíritos e da vida extraterrestre. Mesmo sem evidências científicas, parece-me plausível tal possibilidade. Mas não acredito na existência do Deus criador, pois não me parece plausível que um ser tão poderoso, que criou um Universo imenso, dedique tanto interesse pelos habitantes de um planetinha tão insignificante. Essa é a minha fé.

Se você se sente mais confortável com a hipótese da existência do Deus criador... bom para você.
Se você acredita em um Deus que tem outro nome, ou outras características... bom pra você
Se você (como eu) prefere acreditar na hipótese da inexistência do Deus criador... bom para você também!

Seja qual for a sua escolha, entenda que é uma questão de fé. Você jamais será capaz de defendê-la com argumentos, sejam científicos ou teológicos.

A sua escolha não é a mais inteligente. Os que fizeram uma escolha contrária não são ignorantes.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os Abutres da Revolução

Há uma semana, o Brasil foi tomado, de norte a sul, por ondas de protestos, que se iniciaram contra o aumento das tarifas dos transportes públicos em algumas cidades, mas logo incorporaram uma pauta muito mais ampla, contra a corrupção, mau uso dos recursos públicos, baixa qualidade da educação, saúde e segurança...

É um movimento belíssimo, nascido legitimamente do povo, auto-organizado através das redes sociais, sem a presença das "lideranças" tradicionais: partidos políticos, mídia, sindicatos.

Vai dar certo? a pauta e justa? é muito barulho por pouca coisa? - não importa!

Democracia se constrói assim: com confronto de idéias - e de forças!

Não há certo e nem errado. Há o aprendizado, o exercício da dificílima habilidade de ouvir o outro lado. É assim que vamos aprender a falar, e a ouvir; exigir, e ceder; definir o que é irredutível, e o que é negociável.

E esse é o papel dos jovens: questionar! - não importa o que, nem como, nem quando. Não há "rebeldes sem causa" - toda rebeldia tem uma causa, ainda que não a julguemos justa. Nem sempre os jovens estarão certos... nem sempre conseguirão mostrar que estão certos... só não podemos impedir que se manifestem.

Adultos têm compromissos, patrimônios, família... estão amarrados a isso, sempre têm algo a perder ou a lucrar e, por isso, perdem muito da sua liberdade ou honestidade. Jovens são livres, não possuem nada, não têm nada a perder, por isso têm total liberdade para sonhar.

Entretanto, jovens são imaturos... ingênuos... e tem muito abutre que tenta tomar proveito disso.

Semana passada, no início das manifestações, o Arnaldo Jabor fez esse comentário raivoso contra os manifestantes, chamando-os de rebeldes sem causa, defendendo os pobres policiais que estavam sendo apedrejados, e afirmando que esses "revoltosos de classe média não valem nem 20 centavos".


cinco dias depois, ele "reconhece o erro", adoça o tom de suas palavras, e apoia as manifestações...


o que há por trás dessa repentina mudança de atitude?

No segundo discurso, Jabor cita o movimento dos "caras pintadas", que derrubou o presidente Fernando Collor, em 1992. Para quem não acompanhou aquele momento da nossa história, é bom informar que naquela época, não havia internet, muito menos redes sociais, e as grandes empresas de mídia (TV, rádio, jornais) controlavam totalmente as informações, e manipulavam livremente a opinião pública. Os caras pintadas foram um movimento pautado e roteirizado pela Rede Globo.

E é isso que o Jabor quer, em 2013... tentar novamente manipular os jovens, com seu discurso doce, com sua conversa mole, para direcioná-los para os interesses dos grupos que ele defende. Querem a volta do Brasil dos anos 1990, quando eles podiam colocar e tirar o presidente que queriam, quando eles mandavam na política e na economia, quando eles reinavam, soberanos.

Jabor é apenas um "testa de ferro" - um operário a mando de alguém. Por isso muda de opinião como quem muda de roupa. E há muitos outros. Todos na espreita, como abutres, tentando tirar algum proveito de algo que não lhes pertence.

Não caiam, portanto, nesse discurso do #ForaDilma. Se Dilma cair agora, quem assume é o Michel Temer, seu vice. É isso o que nós queremos? certamente não... mas certamente, é isso o que eles querem. E essa é apenas uma das armadilhas... há muitas outras...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

da NAND ao TETRIS

Impressionante palestra de Shimon Schocken: The self-organizing computer course
 "Ao passo que os computadores tornam-se cada vez mais complexos, nossos estudantes estão perdendo a visão do todo e, de fato, é impossível conectar-se à alma dessas máquinas se você interage com uma caixa-preta, empacotada com inúmeras camadas de software fechado. Então Noam e eu tivemos esse insight que se queremos que nossos estudantes compreendam como computadores funcionam, até a sua medula, então talvez a melhor maneira seja orientá-los a construir um computador completo, funcional, hardware e software, partindo do zero, dos princípios básicos."

 

saiba mais:
http://www.nand2tetris.org/
http://shimonschocken.com/

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

História da Web - IMPERDÍVEL!!!

Conheça o The Web History Timeline Project: um site que organiza todos os eventos importantes na construção do que hoje conhecemos como "a web" (traduzida, no Brasil, como a "rede internacional de computadores... blagh...)

É um conteúdo impressionante! - vale a pena guardar esse link!

fonte: Webmonkey

Atendendo a pedidos...

Estivemos fora do ar por um bocado de tempo... mas agora, atendendo a pedidos... este blog volta a funcionar com o ritmo de sempre!

domingo, 20 de novembro de 2011

Podemos construir uma Sociedade melhor? - Parte I

Já pararam pra pensar por que as coisas são como são?

Vivemos em uma sociedade doente, em crise. Violência, desemprego, fome... por que essas coisas acontecem, justo no nosso auge científico e tecnológico?

É muito importante compreender como funciona a nossa economia. Compreender que todos os processos econômicos são criados e definidos por nós - humanos.

Os noticiários falam de crises econômicas como se fossem eventos naturais... já perceberam isso? É mais ou menos assim: "um terremoto seguido de tsunami abalou o Japão, matando milhares de pessoas...", e logo em seguida "crise econômica abala a Europa, atingindo milhares de famílias...". O objetivo do noticiário é fazer com que você se conforme com as notícias ruins, sem se opor.

Não podemos impedir um terremoto... mas podemos impedir crises econômicas e outros problemas sociais. Basta compreender como as coisas funcionam, atualmente, e pensar como elas deveriam funcionar.

Para começar, vamos compreender como criamos a Sociedade de Consumo:


Ficou interessado? - aprenda mais sobre o ciclo de produção dos aparelhos eletrônicos.


sábado, 8 de outubro de 2011

Steve Jobs

05/11/2011 - Morre Steve Jobs: um gênio, visionário, controverso... um homem cheio de qualidades e defeitos, que não teve medo de ousar e, por isso mesmo, conseguiu por várias vezes reinventar a si mesmo. Reinventar a tecnologia, foi apenas uma consequência.

Conheça um pouco mais sobre sua história, e sua personalidade marcante:

Steve Jobs: um apanhado da vida e da carreira desse gênio da tecnologia



Discurso em Stanford



Piratas do Vale do Silício

domingo, 2 de outubro de 2011

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