O elogio de Barak Obama ao nosso presidente Lula, na reunião do G20, repercutiu, aqui, como um soco no estômago daqueles brasileiros que não se conformam com o brilho e o sucesso de um homem que, nascido pobre, de família analfabeta, enfrentou e venceu todos os obstáculos, e tornou-se um estadista com projeção internacional.
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Os obstáculos impostos ao Luís Inácio da Silva, ao longo de sua vida, não foram simples obras do acaso, azares do destino, vontades de Deus. São obstáculos cuidadosamente criados, desenvolvidos e aperfeiçoados, ao longo de séculos, por uma sociedade elitista, aristocrática, que cuida e protege muito bem dos seus rígidos e eficazes mecanismos de estratificação e segregação social. Seca, fome, má distribuição de renda, exclusão social e educacional, preconceito, são apenas alguns desses obstáculos aparentemente casuais. O Lula venceu todos eles.
Quem é essa aristocracia brasileira, criadora e mantenedora dos mecanismos de controle social acima mencionados?
Infelizmente, não são apenas os barões e coronéis, herdeiros das capitanias, donos de grandes fortunas e extensões de terras, descendentes de sangue nobre, de famílias "de nome", sempre ligadas ao poder. Muitos brasileiros sem
pedigree, sem grandes posses, sem sangue azul incorporaram a cultura e os valores da legítima aristocracia, dando-lhe forças, a baixo custo. São membros da classe média, aqueles que possuem um carro, uma casa financiada ou alugada, às vezes um diploma universitário (mas nenhuma cultura) e, por isso, julgam-se no direito de olhar para os menos abastados com ares de desdém, e não hesitam em colocá-los de volta ao seu "devido lugar", quando necessário. Esse exército alienado, acéfalo, de pobres almas sem opinião própria, a serviço dos "formadores de opinião" - a imprensa controlada pelos verdadeiros aristocratas - forma uma eficaz barreira de proteção, que amortece os possíveis conflitos sociais, logo em sua origem. São os pobres de espírito, controlando os pobres de recursos.
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Assim como mestiços que se dizem neo-nazistas, esses pretensos aristocratas sem posses, intelectuais sem cultura, não percebem o papel ridículo que desempenham. Criticam, condenam e atacam categorias que incluem a si mesmos, impedindo o próprio sucesso, e de seus semelhantes. Essa lógica sem sentido dá origem a brasileiros que não acreditam no Brasil, e não aceitam qualquer tipo de sucesso brasileiro. Admiram e consomem todo tipo de produto com tecnologia importada, mas não querem estudar, para desenvolver a tecnologia aqui mesmo.
Esses são os brasileiros que não toleram o Lula, "o cara" que furou todos os bloqueios, e chegou ao topo da pirâmide. Como zagueiros passados para traz por um driblador genial, tentam a derrubá-lo a qualquer custo. Incapazes de criticar o conteúdo do que ele diz, criticam seus erros de português. Sem a menor noção de sua dimensão histórica e política, criticam ações e decisões pontuais. Inconformados com o sucesso de um presidente de origem pobre e sem diploma de nível superior, não se cansam de compará-lo ao seu antecessor, o sociólogo que se julga melhor que todo mundo, só porque respirou os ares de Sorbonne.
Pois é... gostem ou não, ninguém menos que o Barak Obama, o político mais poderoso e mais popular da atualidade, diplomado em Harvard, disse que "Lula é o cara". E não foi um comentário irônico, nem simples gentileza, como querem sugerir alguns - é a opinião de um estadista que, justamente por suas opiniões, ocupa posição de maior destaque no cenário político atual.
Não estou supervalorizando a declaração do Obama, até por ser redundante, já que é sabido que o Lula goza do respeito e admiração de vários outros líderes, de igual importância. Estou apenas me divertindo com a indisfarçável inveja de nossos aristocratas sem
pedigree.
Também não estou beatificando o Lula. Estou reconhecendo nele o símbolo de um Brasil que pode dar certo, de um Brasil que valoriza a si mesmo, que reivindica o merecido respeito internacional, que tem orgulho de sua história, e se coloca de igual para igual, frente a qualquer outra nação. Enquanto o Brasil dos aristocratas é um país subdesenvolvido, atrasado, improdutivo, dependente e cheio de problemas, o Brasil do Lula é um país rico, independente, uma potência econômica, uma democracia respeitável.
Sim, nós temos o Lula!!! - e temos bananas, também!!! - bananas para todos!!!
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