Páginas

sábado, 9 de maio de 2009

Desenvolvedores de Software devem ser responsabilizados por seus códigos?

A Comissão Europeia está propondo que produtores de software possam ser responsabilizados por prejuízos causados por eventuais falhas, da mesma forma fazemos com qualquer outro produto. Se essa proposta se tornar lei, empresas de software poderão ser processadas por falhas de segurança, ou mesmo pela ineficácia de seus produtos.

Com base nessa notícia, o Linux Journal abriu uma interessante discussão sobre esse assunto, tentando avaliar os lados positivos e negativos de tal proposta, iniciando com um argumento para cada lado:

Bruce Schneier é favorável à proposta, defendendo que
Em nenhuma outra indústria, produtos de má qualidade são vendidos para um público que já espera por problemas frequentes, e onde os consumidores é que devem se virar para solucioná-los. Se um fabricante de automóveis tem um problema com uma série, e lança uma nota de recall, isso é um evento raro, e um bom negócio - você pode levar seu automóvel e ele será consertado, de graça. Computadores são o único item no mercado de consumo em massa que coloca toda a responsabilidade nas costas do consumidor, exigindo que ele tenha alto nível de conhecimento técnico apenas para sobreviver.

(...)

O caminho para resolver isso é responsabilizar o produtor de software. Computadores são também o único item de consumo em massa onde os fabricantes não se responsabilizam por falhas. A razão pela qual os automóveis são tão bem construídos é que seus fabricantes são responsabilizados se algo der errado. A falta de responsabilização para o software é, efetivamente, um vasto subsídio do governo para a indústria de TI. Isso permite que eles produzam mais produtos em menos tempo, com menos preocupação quanto à confiabilidade, segurança, e qualidade.
Por outro lado, Alan Cox é contrário à proposta. Segundo ele,

Seria difícil responsabilizar desenvolvedores de código aberto por seus códigos, pela própria natureza do desenvolvimento do código aberto. Como desenvolvedores compartilham códigos por toda a comunidade, a responsabilidade é coletiva. "Potencialmente, não há como responsabilizar alguém".

O concenso entre os dois pontos de vista parece estar na separação entre software livre, onde não há uma relação comercial entre desenvolvedor e consumidor, e o software proprietário, licenciado, onde há uma relação comercial explícita, com contrato que estabelece direitos e deveres de cada parte.

E você? qual a sua opinião?


Referências:

Deixe o seu comentário!

domingo, 3 de maio de 2009

GRIPEBRANDA E LULA TRÊS

Rui Martins

Berna (Suiça) - Será que sou o único tonto do planeta ?

Por favor leitores, pode ser que as artérias entupiram e começo a falar besteira. Neste caso, me avisem para eu praticar minha eutanásia.

Vejam bem, na semana passada estive em Genebra fazendo uma reportagem sobre a malária. Durante mais de 40 anos, os laboratórios farmacêuticos se negaram a fabricar um produto derivado de uma planta chinesa, da família das artemísias, porque os beneficiários desse remédio, principalmente os africanos e alguns países asiáticos, não tinham poder de compra.

E, enquanto isso, um milhão de africanos por ano, a maioria crianças, continua morrendo.

Agora algumas fundações de trilionários mais um imposto por passageiro de avião, criado pelo ex-presidente francês Chirac e o nosso Lula, permitem o financiamento da compra e distribuição em massa desse remédio, coisa de 250 milhões de doses para começar, e os africanos vão poder se curar da malária porque os laboratórios decidiram fabricar.

Dizem mesmo que, em algumas décadas, a malária poderá ser erradicada porque diminuindo o número de infectados os mosquitos vetores continuarão picando as pessoas mas sem transmitir o parasita.

Perceberam? Os laboratórios farmacêuticos podem ter o remédio mas só comercializam se houver um bom mercado, que garanta um bom rendimento.

Um milhão de mortos por ano, na África. Ou será que quando se tem a pele preta se vale menos? Pode ser isso também.

Ora, no último telejornal que vi, aparecia um mapa da Europa cobrindo toda a tela e os números 1, 3, 2, 4, 2, 2, 1 espalhados em cima dos países da União Européia. Sabem o que eram esses números? O de mortos com a atual gripe A, ou suína ou mexicana.

Será que estou dizendo besteira? A OMS colocou a gripe A no nível 5, os jornais e tevê só falam nisso, e talvez aqui se possa usar o linguajar da Folha de São Paulo, aqui sim talvez se possa falar em gripebranda. A histeria levou o governo egípcio, que não come porco, a mandar exterminar 250 mil porcos, deixando os coptas cristãos sem ter o que comer.

Mas, na minha santa ignorância, pergunto – por que a malária na África não foi nunca colocada no nível 6, mesmo se ela mata um milhão por ano e se pode pegar malária até no avião? Por que, ao contrário do que ocorreu com as granjas de frangos de rendimento intensivo em Hong-Kong e China, quase nada se fala ou se mostra das criações mexicanas intensivas de porcos onde surgiu o vírus da gripe suína? E quanto os países estão gastando com o Tamiflu da Roche ?

E se essa gripe suína for tão forte como aquela que peguei no ano passado e que só mata mesmo desnutrido?

Será que o tonto sou eu ou somos todos nós ?

EM TEMPO: Na quarta-feira escrevi se não é o caso de se perguntar ao povo se gostaria de reeleger Lula. Afinal, como disseram alguns leitores nos seus comentários, na democracia é o desejo do povo que vale e, se o presidente tem 76% ou mais de apoio, deve haver muita gente querendo isso.

E já que a descrença nos partidos é geral, por que não se fazer uma sondagem? Não interessa à imprensa fazer tal sondagem? Então, por que não sondamos nós mesmos o terreno?

Aqui no Direto da Redação e em outros blogs que reproduziram a coluna, como o do Azenha, houve uma explosão de reações.

Como metade dos comentários foi favorável à reeleição de Lula, peço para quem ler esta coluna num outro site que não o Direto da Redação, para me contatar pelo email ruimartins@hispeed.ch caso seja favorável a um plebiscito por um terceiro mandato de Lula.


Fonte: Rui Martins - DIRETO DA REDAÇÃO

Artigos mais recentes:

Artigos mais lidos:

.