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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Artigo gerado automaticamente é aceito em Conferência do IEEE

Você conhece o SciGen?

É um software desenvolvido no MIT, sob licença GPL, para geração automática de artigos científicos. É fantástico: você dá a ele os nomes dos autores, e ele gera o texto, gráficos, referências bibliográficas... tudo abobrinha, texto aleatório, sem nenhum sentido, mas gramaticalmente correto, e perfeitamente formatado. Há uma demonstração online, vale a pena conferir.

Artigos gerados pelo SciGen já foram aceitos em várias conferências e agora, finalmente... foi aceito em uma conferência do IEEE !!!
Software-Generated Paper Accepted At IEEE Conference

"Check out the paper Towards the Simulation of E-commerce by Herbert Schlangemann, which is available in the IEEEXplor database (full article available only to IEEE members). This generated paper has been accepted with review by the 2008 International Conference on Computer Science and Software Engineering (CSSE). According to the organizers, 'CSSE is one of the important conferences sponsored by IEEE Computer Society, which serves as a forum for scientists and engineers in the latest development of artificial intelligence, grid computing, computer graphics, database technology, and software engineering.' Even better, fake author Herbert Schlangemann has been selected as session chair (PDF) for that conference. (The name Schlangemann was chosen based on the short film Der Schlangemann by Andreas Hansson and Björn Renberg.)"

nota publicada no Slashdot.

Embora possa parecer que esse resultado é um triunfo da Inteligência Artificial, a triste realidade é que ele expõe a fragilidade do sistema de revisão para aceitação de artigos. As grandes conferências científicas transformaram-se em eventos lucrativos, onde a quantidade de público é mais importante que a qualidade dos artigos.

Se você está precisando escrever um artigo de última hora, fica aqui a dica: use o SciGen! embora ele gere textos somente em inglês, você pode traduzi-los automaticamente para outros idiomas, usando o Google.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

STF veta 33% de jornada extraclasse para professores

Absurdo. Todos reclamam da má qualidade do ensino, mas ninguém quer investir para mudar essa situação.

Atualmente, professores da rede pública, nos níveis Fundamental e Médio, têm seus salários e regimes de trabalho definidos por cada estado ou município onde atuam - muitos deles, como sabemos, recebem salários baixíssimos e são submetidos a uma jornada extenuante de 40 horas semanais em sala de aula, além das precárias condições para realização de suas atividades. Isso prejudica o rendimento dos atuais professores e, pior, torna pouco atrativa a carreira para futuras gerações.

Para melhorar a qualidade da Educação em nosso país, é necessário valorizar a carreira do magistério, e torná-la atrativa para jovens talentosos que queiram dedicar-se a ela. O governo Lula tomou uma importante iniciativa nesse sentido, definindo o piso salarial nacional de R$950,00, e destinando 1/3 da carga horária para atividades de preparação e planejamento, fora da sala de aula. Essas são condições mínimas, para que o professor possa se dedicar à melhoria e atualização de seus conteúdos.

Entretanto, governadores de 5 Estados - curiosamente, que não são os mais pobres da Federação - entraram com uma ação contra essa medida, alegando que não podem arcar com os custos. Dentre eles, destaca-se o governador do Mato Grosso do Sul - André Puccinelli (PMDB), que fez declarações levianas associando as horas de planejamento a "vadiagem".

E agora, vem a má notícia:

Qui, 18 Dez, 09h53

O Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu ontem a um pedido de governadores de cinco Estados e suspendeu uma regra que garantia aos professores de escolas públicas o direito de exercer um terço da carga horária de trabalho fora das salas de aula. A novidade estava prevista na mesma lei que fixou o piso salarial dos professores em R$ 950. Com a decisão, caberá aos Estados e aos municípios a responsabilidade por dividir a carga horária que será cumprida dentro e fora de sala de aula.

Governadores argumentaram que teriam de contratar milhares de professores por causa do aumento do tempo fora de sala de aula. Na época em que entregou no STF a ação julgada ontem, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), afirmou que teria de contratar entre 15% e 20% mais professores para cumprir a determinação de que 33% da carga horária fosse cumprida fora da sala de aula. Além de Yeda Crusius, assinaram a ação os governadores do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Ceará.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, via Yahoo.

Somente para lembrar:

Rio Grande do Sul - Yeda Crusius (PSDB)
Paraná - Roberto Requião (PMDB)
Santa Catarina - Luiz Henrique da Silveira (PMDB)
Mato Grosso do Sul - André Puccinelli (PMDB)
Ceará - Cid Gomes (PSB)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Se o treinador também fosse o árbitro...

No mundo dos esportes, os atletas vivem dois momentos distintos.

Durante o treinamento, eles desenvolvem suas habilidades, estudam estratégias, aprimoram suas técnicas, melhoram o condicionamento físico - sempre orientados por um técnico, ou treinador, que avalia cada detalhe, identifica falhas, e indica o que deve ser feito para superá-las. É um processo duro, cansativo, às vezes tedioso e doloroso, mas necessário, e cumprido com disciplina e determinação.

No momento da competição, é hora de pôr à prova todo o trabalho desenvolvido durante o treinamento. Entra em cena, então, um novo personagem: o árbitro. Novamente, o atleta estará sendo avaliado, mas é um tipo completamente diferente de avaliação, pois o objetivo, agora, é classificatório, e visa exclusivamente determinar quem sobe no pódio, e quem fica de fora. Embora o treinador ainda possa dar orientações importantes ao seu atleta, não lhe cabe estabelecer os critérios da competição, opinar sobre a arbitragem, muito menos influir em sua classificação.

O atleta percebe, claramente, que seu treinador não tem influência sobre os resultados da competição e, portanto, reconhece que sua única chance de vencer é seguir, com disciplina e determinação, suas orientações durante o treinamento. Cria-se, assim, uma relação de admiração, respeito e cooperação, entre treinador e atleta, que trabalham juntos, para o mesmo fim.


No mundo da Escola, entretanto, esses dois papéis - treinador e árbitro - são atribuídos a um único personagem: o professor. É ele quem avalia as falhas ao longo do processo de aprendizagem, quem indica tarefas e exercícios a serem cumpridos com o objetivo de corrigir eventuais deficiências, e é ele, também, quem estabelece os critérios das "provas", e atribui as notas que vão definir se o aluno será aprovado ou não.

Ao contrário do atleta, o aluno percebe que o professor acumula as duas funções e, portanto, deduz que existem dois caminhos para a aprovação: ou ele se empenha em seguir, com disciplina e determinação, as orientações do professor, ou busca o caminho mais fácil, e tenta convencê-lo a relaxar os critérios da avaliação. Cria-se, assim, uma relação de antagonismo, entre aluno e professor, que passam a trabalhar como se estivessem em lados opostos.

Como desdobramento inevitável desse processo, o professor também deduz que existem dois caminhos para obter "sucesso" na aprovação de sua turma: ou ele luta contra o instinto natural de seus alunos (e dele próprio), e se empenha em encontrar artifícios para convencê-los a enfrentar a disciplina do estudo, ou ele se rende à lei do menor esforço, relaxa os critérios da avaliação, e vão todos felizes para casa.

Esta é a receita do famoso "pacto de mediocridade", tão conhecido nas Escolas de nosso país, onde o professor finge que ensina, e o aluno finge que aprende.


É óbvio que a avaliação no ensino deve ter o objetivo de melhorar o processo de aprendizagem, mas também é óbvio que, em algum momento, o aluno terá que ser submetido a uma avaliação classificatória, que vai decidir se ele atingiu ou não um conjunto de critérios previamente estabelecidos.

O que aconteceria, nos esportes, se o treinador fosse também o árbitro das competições? teríamos atletas verdadeiramente competitivos?

Se você, assim como eu, pensa que a resposta é não, então responda-me: Por que, então, aceitamos que esse sistema ilógico seja aplicado à Educação?

Sem metas, não há estímulo;
sem estímulo, não há determinação;
sem determinação, não há superação;
sem superação, há mediocridade.


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