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domingo, 22 de março de 2009

Gilmar Mendes, Protógenes Queiroz e a Satiagraha

Um breve resumo:

A Operação Satiagraha é uma operação da Polícia Federal Brasileira contra o desvio de verbas públicas, a corrupção e a lavagem de dinheiro, desencadeada no início de 2004 e que resultou na prisão, em 8 de julho de 2008, determinada pela 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, de vários banqueiros, diretores de banco e investidores, dentre os quais, o banqueiro Daniel Dantas.

A partir daquele momento, o que deveria ser mais uma bem sucedida operação da PF, sofreu uma reviravolta surpreendente.
  • Em 9 de julho, menos de 24 horas após a prisão, "o presidente do STF, Gilmar Mendes, decidiu pela liberação do empresário Daniel Dantas, de Verônica Dantas (irmã e parceira de negócios), e de mais nove pessoas presas na terça na Operação Satiagraha da Polícia Federal." - Folha Online.
  • Em 14 de julho, Protógenes Queiroz, o delegado da PF que conduziu as investigações, é afastado do caso, e investigado em duas sindicâncias internas na PF.
Muita água rolou desde então, sempre no sentido de incriminar e desqualificar Protógenes e sua equipe, acusados de usar os recursos da PF para fazer, de forma indiscriminada, escutas telefônicas sem autorização. Mesmo sem jamais surgir uma prova sequer sobre a materialidade de tais escutas, esse assunto se disseminou na mídia dominante, como uma verdade absoluta, inquestionável.

O escândalo mais recente:

Leandro Fortes, jornalista da Carta Capital, denuncia:
No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado “Comitê de Imprensa”, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e “aterradoras” revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha.

(...)

Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.

Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.

Felizmente, os vídeos estão disponíveis no YouTube (até que alguém os tire de lá, também). Sem dúvida alguma, é uma entrevista que vale a pena ser vista, e divulgada. Nela, os jornalistas expõem, de forma clara e didática, um pouco do que está por trás de toda essa história.







Não podemos deixar que a censura retorne em nosso País.

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