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sábado, 27 de junho de 2009

Irã usa a internet para silenciar ativistas

Nas últimas semanas, os cidadãos iranianos têm usado diversas tecnologias de comunicação para organizar mobilizações e protestos, e para transmitir ao mundo informações sobre os confrontos que sucederam a "reeleição" de Ahmadinejad. Muitos apontam essa mobilização iraniana como um exemplo de como as modernas tecnologias de comunicação podem ser usadas para dar maior liberdade de expressão aos indivíduos, e para combater regimes opressores.

Há, entretanto, um outro lado nessa história. Comunicações eletrônicas podem ser monitoradas, rastreadas e censuradas por um regime opressor que disponha de meios para tal. Dessa forma, mobilizações eletrônicas podem ser mais vulneráveis que os métodos de mobilização usados no passado.

Segundo o Wall Street Journal,
"O regime iraniano tem desenvolvido, com a ajuda de empresas europeias [Nokia e Siemens], um dos sistemas mais sofisticados no mundo para controle e censura da internet, que permite examinar o conteúdo de comunicações individuais em larga escala."
Sob esse sistema, todo o tráfego digital é roteado através de um único ponto, onde cada pacote de dados é inspecionado para monitorar cada email, tweet, postagem em blog e, possivelmente, até ligações telefônicas, em todo o Irã.

Além disso, o governo iraniano está usando crowdsourcing para postar fotos e videos de ativistas, e pedindo aos cidadãos para identificá-los.

Isso nos mostra que toda tecnologia é neutra, seu uso é que pode trazer efeitos positivos ou negativos.
"Se você pensar a respeito, isso não surpreende. Quem disse que apenas os mocinhos usam a internet em seu favor?" -- Farhad Manjoo, via Slate.
A questão vai muito além da eleição do Ahmadinejad, no Irã.

Todos nós estamos usando tecnologias de comunicação sem refletir sobre o preço que se paga, em perda de privacidade, por exemplo.

Ao usar celulares, emails, redes sociais, cartões de crédito, não nos damos conta de que estamos disponibilizando informações sobre nossa localização, hábitos de consumo, redes de contatos, etc. Muitos nem sabem que podemos estar sendo rastreados enquanto andamos dentro de shopping centers.

Por enquanto, o único incômodo que sentimos são as insistentes ligações de telemarketing, onde a telefonista sabe tudo sobre você, e você não faz a menor ideia de como ela obteve tais informações.

Nada disso nos preocupa, porque vivemos "em paz", em uma "democracia", onde as autoridades "garantem a nossa proteção". Sentimo-nos mais livres com o uso dessas tecnologias, e sempre achamos que a tecnologia, em si, favorece a liberdade.

A realidade, entretanto, pode ser diferente.

Fonte: Slashdot

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Inversão de valores...

Sem comentários!

(clique para ampliar)

Nota: Recebi essa charge por email. Infelizmente, não tenho a referência. Se alguém tiver, por favor, mande para mim.

sábado, 13 de junho de 2009

Professores pré-históricos na Era da Informação - Parte III

O Google causou uma revolução no acesso à informação, ao disponibilizar gratuitamente uma ferramenta de buscas suficientemente inteligente para trazer as informações mais relevantes para uma dada pesquisa, com uma interface tão simples que qualquer pessoa - mesmo quem não tem qualquer intimidade com computadores - pode usar.

Agora, a Wolfram Research, desenvolvedora do já conhecido Mathematica, lançou o Wolfram Alpha, uma ferramenta on-line de computação de conhecimento, com uma certa capacidade de processamento de linguagem natural, que é capaz de solucionar problemas em diversas áreas do conhecimento, com uma interface quase tão simples e fácil de usar quanto a do Google.


Assim como o Google trouxe grande mudança na forma como alunos buscam soluções para seus trabalhos escolares, provocando profundas discussões entre professores sobre o mérito dos alunos na elaboração desses trabalhos, o Wolfram Alpha promete o mesmo.

Esse artigo traz uma excelente discussão sobre o receio que alguns professores estão enfrentando com o lançamento dessa nova ferramenta. Resumi abaixo algumas citações:
"Considerando que ainda há professores e departamentos nos EUA onde calculadoras gráficas ainda não são permitidas, alguns professores provavelmente irão reagir com resistência (em adotar essa ferramenta em suas aulas), ou mesmo com acusações de que seu uso possa ser considerado como uma forma de trapaça." -- Prof. Maria Andersen, Teaching College Math.

"Nos próximos semestres, nós teremos estudantes em nossas aulas perguntando 'Por que não podemos usar o Wolfram Alpha?'. Estamos tentando discutir ao máximo essa questão agora, para que nossos colegas não sejam surpreendidos por esse tipo de questionamento." -- Prof. Derek Bruff, Walpha Wiki - Teaching Undergraduate Math with Wolfram|Alpha

Para mim, o problema não está no uso dessas novas ferramentas e recursos tecnológicos, e sim na forma como os professores tentam avaliar o desempenho de seus alunos.

Na minha época de estudante, os professores pediam que fôssemos a uma biblioteca, para "pesquisar" sobre um determinado tema. O que os alunos faziam? iam até a biblioteca (*), tiravam fotocópias de um texto qualquer sobre aquele assunto (geralmente de uma enciclopédia), e depois transcreviam esse texto à mão (**), mudando algumas palavras, para tentar disfarçar.

Hoje, os professores continuam pedindo os mesmos tipos de trabalhos, mas os alunos se modernizaram: eles sentam-se diante de um computador, digitam o tema do trabalho no Google, copiam o primeiro texto que aparece como resposta (CTRL-C), colam no editor de textos (CTRL-V), imprimem com uma capa bacana, e pronto.

Nada mudou. Professores passam tarefas desinteressantes, mecânicas, e os alunos procuram o jeito mais fácil de se livrar daquela chatice. No passado, os alunos ainda podiam memorizar alguma coisa, enquanto copiavam o texto à mão. Hoje, os alunos não têm a menor chance de memorizar, porque a cópia e impressão são automáticas. Mas não podemos atribuir essa "piora de desempenho" à nova tecnologia! - a raiz do problema reside na forma irracional como os professores elaboram as tarefas.

Com o Wolfram Alpha, os alunos podem obter as soluções, passo a passo, para todos os problemas das tradicionais "listas de exercícios", com a mesma facilidade com que obtêm textos para os "trabalhos escolares" através do Google. Se os professores de matemática continuarem pedindo para os alunos resolverem apenas equações, eles passarão a aplicar a mesma técnica CTRL-C / CTRL-V que já aplicam para as outras disciplinas.

Para o próprio Stephen Wolfram, "essa é a natureza do progresso (...) a tecnologia sempre permite fazer mais e mais coisas automaticamente."

A escola precisa entender e aceitar isso. É preciso reformular as tarefas escolares, e todo o processo de avaliação do desempenho do aluno, colocando o foco na compreensão, interpretação e raciocínio, em vez da reprodução de conteúdos e técnicas.

Se uma ferramenta permite resolver e visualizar automaticamente problemas algébricos complicados, isso é ótimo! pois permite que eu explore mais e mais problemas, situações e variações com meus alunos!

Se os alunos podem usar essa ferramenta para responder automaticamente suas listas de exercícios, cabe ao professor elaborar questões onde o raciocínio seja mais importante que a técnica algébrica!


Na Era da Informação, encontrar as respostas certas tornou-se muito fácil... que tal, então, estimular os alunos a fazerem as perguntas certas???


Essa é a parte III de uma série. Leia também as partes I e II.


(*) - estou falando dos anos 1980... a web ainda não existia, e muito menos o Google!

(**) - pois é... também não era muito comum ter computadores e impressoras em casa, nem na escola, naquela época


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Professores pré-históricos na Era da Informação - Parte II

O Ars Technica trouxe um interessante artigo sobre um estudante de ciência da computação da San Jose State University (EUA) que, após a conclusão de uma disciplina, publicou os códigos-fonte feitos por ele como resposta aos exercícios e atividades. O professor da disciplina opôs-se vigorosamente a essa iniciativa do estudante, levando o caso até a direção da Universidade, alegando que ele estava violando a política de conduta da instituição, pois era uma forma de ajudar os colegas (das futuras turmas) a "colar".

O caso não é único, e expõe uma ferida aberta na forma como professores tentam avaliar o desempenho individual de seus alunos, em plena era do compartilhamento da informação.


Esse ilustre professor certamente não refletiu que, ao argumentar que o aluno estaria ajudando os colegas das próximas turmas a "colar" nos trabalhos da disciplina, ele estaria assumindo que as tarefas de sua disciplina permanecem sempre as mesmas, semestre após semestre. Ou será que esse professor considera isso uma coisa normal?

Professores têm que compreender, urgentemente, duas coisas:
  1. Eles não são a única fonte de informação.
    Existe um mundo inteiro lá fora, onde os estudantes podem (e devem) trocar informações, conhecimentos, e experiências. Quando a tarefa é bem elaborada, e estimula a busca por soluções criativas e não apenas a regurgitação da "matéria dada", a troca de soluções e experiências entre estudantes pode ser muito mais proveitosa que dezenas de aulas.
  2. O trabalho acadêmico precisa ter utilidade.
    Chega de mandar estudantes escreverem trabalhos repetitivos, cujos resultados ninguém está interessado em ler. É preciso trabalhar com problemas reais, estimulantes, cujo ciclo de desenvolvimento seja maior que a duração da própria disciplina, e cujos resultados sejam úteis como material para as próximas edições da disciplina.
Duas das melhores disciplinas que eu tive em meu mestrado, no Centro de Informática da UFPE, foram exatamente as que estimulavam seus alunos a introduzir novas funcionalidades em trabalhos que foram desenvolvidos por alunos de turmas anteriores, criando um projeto que crescia e melhorava a cada semestre. Essa é uma forma de dar utilidade ao trabalho acadêmico, além de estimular a troca de informações e conhecimento entre colegas.

Felizmente, nesse caso, o bom senso falou mais alto e, após uma longa disputa, a instituição posicionou-se a favor do aluno, afirmando que professores não têm o direito de proibir que alunos divulguem seus próprios códigos-fonte.


Essa é a Parte II de uma série. Leia também as partes I e III.


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Professores pré-históricos na Era da Informação - Parte I

Sempre fui um sujeito contestador. Nunca aceitei imposições sem uma devida justificativa. Daí, você já pode imaginar que eu tive muitos conflitos com meus professores! - Professores tradicionalmente gostam de impor métodos e dogmas aos seus alunos, e eu sempre gostei de procurar caminhos alternativos, e confrontar resultados.
Quando eu estava no curso técnico de Eletrônica, tive uma professora de matemática que proibia o uso de calculadora(*), e nos obrigava a usar tabelas trigonométricas e de logaritmos para resolver os problemas (se você não sabe que tabelas são essas, sorte sua!). Um dia, quando eu questionei essa arbitrariedade, ela argumentou que "se você ficar dependente da calculadora, o que fará no dia que esquecê-la em casa?"; o meu contra-argumento, na bucha, foi: "e o que a senhora fará no dia que esquecer suas tabelas em casa?". Isso rendeu um grande bate-boca, que se estendeu por todo o período.
Algum tempo depois, já no curso de Engenharia, deparei-me com um professor de Desenho que queria nos ensinar métodos arcanos para dividir uma circunferência em n partes iguais, usando somente compasso e esquadros. Eu juro que tentei ficar calado, mas não resisti. Depois do quarto ou quinto método, questionei: "professor, porque não podemos simplesmente dividir 360 / n e marcar as divisões usando um transferidor?"(**). Você imagina qual foi a resposta dele? - acredite se quiser: seu argumento foi: "e o que você fará quando não tiver um transferidor por perto?"... impressionante! professores tão distantes, no espaço e no tempo, tinham o mesmo argumento irracional! - e eu já tinha uma resposta na ponta da língua para esse argumento!

A lista é longa, e eu poderia contar aqui vários outros casos semelhantes. O fato é que professores se habituam a ensinar alguma coisa que já foi útil em alguma época, e muitas vezes não param para refletir sobre a utilidade daquilo no momento presente. Pior: esses dois casos demonstram que professores tendem a confundir um método particular com o conceito geral. Não importa a época, sempre será necessário usar logaritmos ou trigonometria; esses são conceitos que devem ser bem compreendidos, independente da época. O método de resolução, entretanto, depende da tecnologia disponível na época. No passado, usavam-se tabelas e réguas de cálculo, depois calculadoras, planilhas eletrônicas, e aplicativos para manipulação algébrica.

Infelizmente, muitos professores continuam proibindo (ou tentando proibir) o acesso dos alunos a novas ferramentas e tecnologias, julgando que elas tiram do aluno o "mérito" pela resolução do problema. Nessa semana, coincidentemente, li dois artigos discutindo casos como esses, em escolas americanas.

Discuto esses dois casos nas partes II e III deste artigo.

(*) - isso foi em 1986, e antes que algum engraçadinho pergunte, já existiam calculadoras eletrônicas nessa época, sim!
(**) - isso foi em 1990, e os CADs ainda não eram tão acessíveis como hoje - o desenho era feito no papel, mesmo, usando-se lápis, esquadros, compasso e... transferidor.

terça-feira, 2 de junho de 2009

ARM espera estar em 6 milhões de netbooks, em 2010

A ARM estima o lançamento de cerca de 10 modelos de netbooks com arquitetura ARM ainda esse ano, e espera ver seus processadores em 6 milhões de netbooks em 2010, o que corresponde a 1/5 do volume projetado para esse segmento, estimado em 30 milhões de unidades.

Com forte presença em dispositivos portáteis e dedicados, como celulares, smartphones, câmeras, consoles de jogos e eletrodomésticos, e notáveis pelo seu baixíssimo consumo de energia, os processadores ARM nunca tiveram espaço no mundo dos poderosos processadores para PCs, dominados pela arquitetura x86. Com o surgimento dos netbooks, abre-se a porta para a quebra dessa hegemonia.
Os novos processadores ARM Cortex A8, e o Cortex A9, com quatro núcleos, que serão usados nessa nova geração de netbooks, prometem desempenho compatível com aplicações de desktops, enquanto consomem dez vezes menos energia que um Intel Atom.

Essa é uma importante notícia, para o segmento que promete ser o mais inovador dos últimos anos. A primeira geração de netbooks foi construída simplesmente como notebooks reduzidos: a mesma velha arquitetura x86, com menos memória, menos periféricos. Nada foi realmente redesenhado especificamente para esse novo fim. Agora, com o grande sucesso desse segmento, as indústrias começam a investir em novos projetos, novas arquiteturas.

A segunda geração de netbooks promete mudanças mais radicais: uso de novas arquiteturas, buscando melhores relações de desempenho e consumo de energia, e desenvolvimento de novas interfaces, que permitam uma experiência totalmente nova ao usuário.

Pela primeira vez, a hegemonia Windows / Intel pode ser ameaçada. As versões do Windows para dispositivos móveis rodam na arquitetura ARM, mas as versões para desktops rodam somente na arquitetura x86. A entrada da arquitetura ARM no mundo dos PCs, ainda que através do segmento dos netbooks, representa uma oportunidade de mudanças num cenário há muito estagnado.

Taí uma briga que eu vou querer acompanhar bem de perto!

Referências:
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