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domingo, 20 de novembro de 2011

Podemos construir uma Sociedade melhor? - Parte I

Já pararam pra pensar por que as coisas são como são?

Vivemos em uma sociedade doente, em crise. Violência, desemprego, fome... por que essas coisas acontecem, justo no nosso auge científico e tecnológico?

É muito importante compreender como funciona a nossa economia. Compreender que todos os processos econômicos são criados e definidos por nós - humanos.

Os noticiários falam de crises econômicas como se fossem eventos naturais... já perceberam isso? É mais ou menos assim: "um terremoto seguido de tsunami abalou o Japão, matando milhares de pessoas...", e logo em seguida "crise econômica abala a Europa, atingindo milhares de famílias...". O objetivo do noticiário é fazer com que você se conforme com as notícias ruins, sem se opor.

Não podemos impedir um terremoto... mas podemos impedir crises econômicas e outros problemas sociais. Basta compreender como as coisas funcionam, atualmente, e pensar como elas deveriam funcionar.

Para começar, vamos compreender como criamos a Sociedade de Consumo:


Ficou interessado? - aprenda mais sobre o ciclo de produção dos aparelhos eletrônicos.


sábado, 8 de outubro de 2011

Steve Jobs

05/11/2011 - Morre Steve Jobs: um gênio, visionário, controverso... um homem cheio de qualidades e defeitos, que não teve medo de ousar e, por isso mesmo, conseguiu por várias vezes reinventar a si mesmo. Reinventar a tecnologia, foi apenas uma consequência.

Conheça um pouco mais sobre sua história, e sua personalidade marcante:

Steve Jobs: um apanhado da vida e da carreira desse gênio da tecnologia



Discurso em Stanford



Piratas do Vale do Silício

domingo, 2 de outubro de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Devo estudar inglês, ou mandarim?

O mundo que conhecemos é dominado pelos EUA. De lá, assimilamos a cultura, valores e, principalmente, produtos e tecnologias. Na minha geração, aprender inglês foi essencial.

Mas o que podemos recomendar às futuras gerações? Quem está na escola hoje deve esperar a mesma distribuição geopolítica do século XX?

Certamente não.

Enquanto as economias dominantes dos países "desenvolvidos" (EUA e Europa Ocidental) parecem lutar contra crises cada vez mais frequentes, alguns países "em desenvolvimento" chamam a atenção do mundo por seu crescimento econômico: são os BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China.

O Brasil, acreditem, está em franco crescimento econômico e tecnológico. Nossa economia, historicamente baseada em commodities, começa a desenvolver-se também em produtos com maior valor agregado. Isso representa um grande desafio para as futuras gerações: aprender a trabalhar com o cérebro, e não com as mãos.

Mas quem lidera essa revolução é a China. Com mais de 1,3 bilhão de habitantes, a economia chinesa cresce a um ritmo sem igual. Já é possível sentir o efeito desse crescimento na prática, com a invasão de produtos chineses: das quinquilharias vendidas a R$1,99 até automóveis.

Mas não pense que a China será apenas um grande exportador de produtos de consumo. Tudo indica que, nos próximos 20 anos, ela se tornará a maior potência econômica, tecnológica, militar... e portanto... cultural!

Para compreender esse novo mundo, recomendo essas três palestras:
somadas, elas tomarão menos de 1 hora do seu tempo, mas eu garanto: elas podem definir o seu futuro.

Ah! - e quanto à pergunta que está no título dessa matéria??? - deixe o seu comentário!!!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Murilo Gun em "Entrevista com o Estagiário"

Você conhece alguém que pensa como esse rapaz???

sábado, 14 de maio de 2011

Mamãe, eu sou gay...

Vejam o que aconteceu com uma amiga minha: sua filha, de 9 anos, na hora do almoço, ergueu seu copo de guaraná como se fosse uma taça de champanhe, e anunciou:
--Atenção gente, chamem os repórteres!!! -- vamos brindar, porque tenho uma importante revelação a fazer...

--Eu sou gay!
Ainda sem entender direito o motivo daquele ato, a mãe perguntou: mas porque você acha que é gay, minha filha? e ela respondeu:
--Ah, mãe... porque eu não gosto de brincar com meus amigos... apenas com minhas amigas... então: gay é quando uma menina gosta de outras meninas, ou quando um menino gosta de outros meninos!
Isso poderia ser entendido como uma inocente brincadeira de criança, mas a conversa se estendeu, e os argumentos da menina - ao mesmo tempo seguros e equivocados - deixaram a mãe realmente preocupada.

Interessante notar o tom "televisivo" que a menina criou, chamando "repórteres", fazendo um "brinde", anunciando uma "revelação"... isso pode dar uma pista de como esse tema chegou ao seu interesse: o homossexualismo está na pauta da TV, em todos os horários. São personagens gays nos programas de humor e nas novelas... discussões sobre a união civil de homossexuais nos telejornais... campanhas contra a homofobia... não há uma preocupação em saber como esses conteúdos serão assimilados pelas crianças.

Mas há ainda outra questão: de onde ela tirou o conceito do que "gay é quando uma menina gosta de outras meninas, ou quando um menino gosta de outros meninos"? - não podemos atribuir isso diretamente à TV, sem uma análise mais cuidadosa.

Esse é o principal interesse da mãe, e para isso ela já está levando a filha a uma psicóloga. A preocupação da mãe não é saber se a menina realmente é gay ou não... o problema é compreender como esse tema entrou na "agenda" de uma menina de 9 anos, e a partir de quais elementos ela está construindo seus conceitos sobre o assunto.

Eu aproveito a carona no caso, para discutir uma outra questão: o respeito à opção sexual de cada indivíduo e o combate à homofobia são temas importantes, mas... qual é a melhor forma - e qual o melhor momento - de levar esse tema às crianças?

Cartilha contra homofobia x "Kit Gay"

O Ministério da Educação iniciou, nas escolas públicas, a distribuição de um material cujo conteúdo é, no mínimo, discutível: um conjunto de cartilhas, cartazes e vídeos, cujo objetivo é "orientar" ou "balizar" a discussão sobre o homossexualismo e homofobia nas escolas.

Eu não quero me somar aos moralistas e religiosos, que se opõem ao material com argumentos preconceituosos. A discussão não é por aí.

A questão é que o MEC está cometendo um grande erro ao tentar combater o preconceito com outro preconceito. O material elaborado e distribuído pelo MEC "impõe" a aceitação de alguns valores, de forma tão arbitrária quanto aqueles que se opõem a eles. A discussão não é ser "contra" ou "a favor" do homossexualismo, como um confronto de dogmas. Esse caminho não levará a lugar algum.

Em um dos vídeos mais polêmicos, intitulado "encontrando Bianca", um jovem relata que sempre se viu como menina, que se sente melhor se vestindo como mulher, e que prefere ser chamada de "Bianca", em vez do seu nome de registro, "José Ricardo". Argumenta que todos devem respeitar essa sua opção, e relata que muitas vezes sofreu com piadas e até agressões.

Podemos perceber que a intenção dos seus idealizadores é boa. O tema central é o respeito à individualidade e às diferenças, e não há dúvidas de que esse é um tema que merece ser abordado.

Entretanto, quando tratamos de políticas públicas, precisamos levantar outras questões: o tema está sendo abordado da forma correta? como avaliar a qualidade desse material? como a mensagem contida no vídeo será assimilada pelos jovens de diferentes faixas etárias? sob qual metodologia esse tema será abordado nas escolas?

A Educação precisa ser apresentada ao Método Científico

Sou educador e, infelizmente, todos os dias, percebo que a Educação não conhece o Método Científico. Tudo é feito na base do "achismo". Uns acham que devem fazer assim, outros acham o contrário, daí montam comissões, conselhos, que passam meses discutindo o sexo dos anjos, filosofando no vazio, buscando um "consenso"... mas ninguém propõe uma abordagem científica!!!

Como sabemos se um novo remédio é eficaz ou não? Existe um longo processo para isso! - são testes rigorosos em laboratório, publicação de resultados em periódicos e eventos especializados, onde esses resultados serão avaliados, reproduzidos e possivelmente questionados por outros profissionais da mesma especialidade para, somente após a validação, ser autorizado o teste em um pequeno grupo de pacientes, com o acompanhamento de um outro grupo, de controle, e a avaliação de mais resultados. Pode-se levar décadas para a homologação de uma nova droga ou tratamento - mas todo esse processo tem dois objetivos: garantir que aquela droga realmente produz o efeito prometido, e conhecer seus efeitos colaterais.

Esse material que o MEC está distribuindo foi avaliado em algum estudo científico? seus resultados foram publicados em periódicos e eventos especializados? sua metodologia foi reproduzida e avaliada por outros profissionais, que confirmaram os resultados? seus efeitos foram devidamente medidos e comparados a um grupo de controle?

Toda política pública na Saúde baseia-se em resultados de processos científicos rigorosos. Por que, então, deve ser diferente na Educação? Por que a Educação é sempre tratada de forma mambembe, através de improvisos e achismos? Será que, algum dia, a Educação será tratada como uma ciência?

Em uma estrutura escolar falida, que não consegue sequer formar a capacidade básica de interpretação de textos, é sensato despejar cartilhas sobre um tema tão complexo, sem nenhum estudo sério sobre seus efeitos e consequências?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Morte de bin Laden e a relação Ocidente/Oriente

Ouça aqui o áudio da entrevista com Sérgio Malbergier ao Programa Pânico (rádio Jovem Pan), falando da morte de Osama Bin Laden. É uma entrevista descontraída, divertida, mas muito informativa. Vale a pena ouvir.

Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos Dinheiro (2004-2010) e Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.

domingo, 10 de abril de 2011

O Linux completará 20 anos!!!

Em agosto deste ano (2011), o núcleo de Sistema Operacional conhecido como Linux completará 20 anos. Conheça um pouco da sua fascinante história, contada pela Fundação Linux:


(clique em [CC] para ativar legendas (PT/EN)

Para uma história mais detalhada, veja o documentário "Revolution OS", abaixo:

sábado, 2 de abril de 2011

Bullying: A solução pode ser mais simples do que você imagina

Esse vídeo correu o mundo na semana passada: Casey Heynes, um jovem autraliano que vinha sendo constantemente agredido e humilhado por seus colegas, resolve reagir e, ao fazê-lo, não só pôs um ponto final às rotineiras agressões que vinha sofrendo, mas se tornou uma celebridade mundial - um símbolo da luta contra o bullying.

Chamo a sua atenção para alguns detalhes do vídeo: no início, Casey comporta-se de forma absolutamente passiva. Mesmo após receber um soco no rosto, não esboça qualquer reação, mantém o olhar baixo, e quase não se defende. Percebam que, enquanto o agressor o desafia, há um grupo de outros jovens (por trás da câmera) que lhe dão cobertura e o incitam. É possível ouvi-los dizendo: "Coragem! - continue! continue! - estamos aqui na retaguarda!".

Após reagir, e se livrar do agressor magrelo, vem um jovem bem mais alto, com pose de durão, como quem diz: "e aí? vai me encarar também?"... e esse é o principal momento do vídeo: Casey o encara. Não faz nenhum gesto de agressão, apenas olha-o diretamente nos olhos, e o grandão simplesmente congela, sem saber o que fazer. Ele não reconhece mais em Casey a figura da vítima passiva, o saco de pancadas, o alvo fácil que, por tanto tempo, aceitou as agressões sem reagir.

Casey vira as costas, e sai andando. Livre e vitorioso.



O que aconteceu a partir daí?

Bom... os dois meninos foram suspensos pela direção da Escola - erro típico de diretores que preferem lavar as mãos a realmente investigar o que aconteceu e decidir quem deve realmente ser punido, mas o importante mesmo é que Casey começou a receber apoio imediato, não apenas de seus próprios colegas, mas também de centenas de milhares de pessoas, de todos os cantos do mundo. De patinho feio, rejeitado e excluído, passou a ser ser aclamado como herói. Tamanha foi a repercussão, que ele foi até entrevistado em um programa de TV.

Em apenas alguns segundos, sua vida mudou: uma simples reação - que nada tem a ver com o golpe espetacular, mas com a sua mudança de postura - trouxe-lhe de volta a auto-confiança e auto-estima. Suas palavras são contundentes:



O bullying é sempre um ato de covardia, praticado por covardes. A pose de valentão é apenas pose. Na maioria dos casos, são apenas indivíduos confusos, assustados, que não conseguem encarar seus próprios fantasmas, e que escolhem justamente aqueles menos reativos para serem suas vítimas. A passividade é a pior das atitudes.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Micro-Veículos Aéreos

Um projeto financiado pelo DARPA está criando pequenos veículos voadores, que imitam o formato de pássaros, para espionagem e reconhecimento. É um belo exemplo de engenharia.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Conrad Wolfram: Ensinando às crianças matemática de verdade com computadores


Fonte: Conrad Wolfram: Ensinando às crianças matemática de verdade com computadores

Temos um problema real com o ensino de matemática atualmente. Basicamente, ninguém está muito contente. Os que estão aprendendo acham que ela é algo isolado, desinteressante e difícil. Os que tentam aplicá-la acham que não sabem o suficiente. Os governos percebem que é muito importante para nossas economias, mas não sabem como adequá-la. E os professores também estão frustrados. Mas matemática é mais importante para o mundo do que em qualquer momento da história humana. Então em uma ponta temos o interesse decrescente na educação matemática, e na outra temos um mundo mais matemático, e mais quantitativo do que jamais tivemos.

Então qual é o problema, porque surgiu esta lacuna, e o que podemos fazer para resolver isto? Bem, na verdade, eu acredito que a resposta está na nossa cara. Usem computadores. Eu acredito que usar corretamente os computadores seja a solução definitiva para fazer a educação matemática funcionar. Então para explicar isto, primeiro vou falar um pouco sobre como a matemática é na vida real e como ela é na educação. Vejam, na vida real a matemática não é necessariamente feita por matemáticos. Ela é feita por geólogos, engenheiros, biólogos, todo o tipo de pessoa -- modelagem e simulação. Ela é bem popular, na verdade. Mas na educação ela parece bem diferente -- problemas elementares, muitos cálculos -- a maioria na mão. Muitas coisas que parecem simples e não difíceis como na vida real, exceto se você estiver aprendendo. E outra coisa sobre matemática: matemática às vezes se parece com matemática -- como neste exemplo aqui -- e às vezes não -- tipo, "estou bêbado?" E aí temos a resposta que é quantitativa no mundo moderno. Você não esperaria por isto alguns anos atrás. Mas você pode descobrir tudo sobre -- infelizmente, meu peso é um pouco maior que isto, mas -- sobre o que acontece.

Então vamos nos afastar um pouco e perguntar, por que estamos ensinando matemática às pessoas? Qual é o propósito de ensinar matemática às pessoas? E em particular, porque estamos ensinando matemática em geral? Porque é uma parte tão importante da educação como uma matéria obrigatória? Bem, acredito que existem três razões: empregos técnicos, tão críticos ao desenvolvimento das nossas economias, o que eu chamo de vida cotidiana. Para funcionar no mundo atual, é preciso ser muito quantitativo, mais do que alguns anos atrás. Calcular sua hipoteca, estar cético das estatísticas do governo, este tipo de coisas. E em terceiro lugar, o que eu chamaria de algo como treino da mente lógica, pensamento lógico. Com os anos tivemos muito esforço da sociedade para sermos capazes de pensar e processar de maneira lógica; é parte da sociedade humana. É muito importante aprender isto. A matemática é uma grande forma de fazer isto.

Então vamos fazer outra pergunta. O que é matemática? O que queremos dizer quando falamos que fazemos matemática, ou que ensinamos as pessoas a fazer matemática? Eu penso que se referem a quatro passos, aproximadamente, a começar por fazer a pergunta certa. O que queremos perguntar? O que estamos tentando descobrir aqui? E esta é a coisa mais errada no mundo exterior, virtualmente além de de qualquer outra parte da matemática. As pessoas perguntam a coisa errada, e claro, recebem a resposta errada, por esta razão, senão por outras. Então o próximo passo é pegar este problema e transformá-lo de um problema do mundo real em um problema matemático. Este é o segundo estágio. Uma vez isto feito, então temos o passo da computação. Transforme em uma resposta em forma matemática. E é claro, a matemática é poderosa para isto. E então finalmente, leve de volta ao mundo real. Respondeu a questão? E também verifique o resultado -- um passo crucial. E aqui está a incoerência disto. Em educação matemática, gastamos em torno de 80% do tempo talvez ensinando as pessoas a fazer o passo três na mão. Mas este é um passo que computadores podem fazer melhor que qualquer humano com anos de prática. Ao invés disto, deveríamos estar usando computadores para fazer o passo três e usando os estudantes para botar muito mais esforço aprendendo a fazer os passos um, dois e quatro -- conceitualizando problemas, aplicando os passos, fazendo o professor ensinar como fazer isto.

O ponto crucial aqui é: matemática não é igual a calcular. Matemática é uma matéria muito mais ampla que cálculos. É compreensível que tudo isto tenha se entrelaçado ao longo dos séculos. Só havia uma forma de fazer cálculos: manualmente. Mas nas últimas décadas isto mudou completamente. Tivemos a maior transformação de qualquer matéria antiga que eu jamais poderia imaginar com computadores. Calcular era geralmente o passo limitante, e agora frequentemente não é. Então eu penso em termos de a matemática ter se libertado dos cálculos. Mas esta libertação da matemática ainda não chegou na educação. Vejam, eu penso em cálculos, de certa forma, como o maquinário da matemática. É a tarefa elementar. É a coisa que você gostaria de evitar se pudesse, dar a uma máquina para ela fazer. É um meio para um fim, não o fim em si. E a automação nos permite ter este maquinário. Os computadores nos permitem fazer isto. E este não é um probleminha. Eu estimei que, atualmente no mundo, gastamos cerca de 106 vidas em média ensinando as pessoas a calcular manualmente. Este é um empenho humano assombroso. Então é melhor termos muita certeza -- e, a propósito, a maioria nem se divertiu aprendendo. Então é melhor termos muita certeza que sabemos o porquê de estarmos fazendo isto e que tenha um propósito real.

Eu acho que devemos aceitar os computadores fazendo os cálculos e só fazer cálculos manualmente quando fizer sentido ensinar isto às pessoas. E eu acredito que existem alguns casos. Por exemplo: aritmética mental. Eu ainda faço muito disto, especialmente para estimar. As pessoas dizem, isto e aquilo é verdade, e eu digo, hmm, não sei não. Vou pensar um pouco a respeito. Ainda é mais rápido e mais prático fazer isto. Então eu penso que praticidade é um caso que compensa ensinar às pessoas a calcular manualmente. E também existem alguns aspectos conceituais que também podem se beneficiar do cálculo manual, mas eu acho que eles são relativamente poucos. Uma coisa sobre a qual eu pergunto com frequencia é grego antigo e como ele se relaciona a isto. Vejam, o que estamos fazendo agora, é que estamos forçando as pessoas a aprender matemática. É um assunto importante. Não estou por um minuto sugerindo que, se as pessoas estão interessadas em calcular manualmente ou em seguir seus próprios interesses em qualquer assunto, por mais bizarro -- elas deveriam fazer isto. Isto é exatamente a coisa certa, as pessoas seguirem seus próprios interesses. Eu estava um pouco interessado em grego antigo, mas eu não acho que nós deveríamos forçar toda a população a aprender uma matéria como grego antigo. Eu não acho que se justifique. Por isso faço a distinção entre o que estamos forçando as pessoas a fazer e o assunto que está na moda e o assunto que, de certo modo, as pessoas podem seguir por interesse próprio e talvez até serem incentivadas a isto.

Então quais são os problemas que as pessoas veem nisto? Bem, um deles é que, elas dizem, você precisa aprender o básico primeiro. Você não deveria usar a máquina até você saber o básico do assunto. Então minha pergunta habitual é, o que significa básico? Básico do quê? O básico de dirigir um carro é aprender a consertá-lo, ou projetá-lo por acaso? O básico para aprender a escrever é saber afiar um bico-de-pena? Acho que não. Acho que você precisa separar o básico daquilo que você está tentando fazer de como é feito e a mecânica de como fazer. E a automação permite fazer esta separação. Cem anos atrás, certamente é verdade que para dirigir um carro você meio que precisava saber muito sobre a mecânica do carro e como o tempo de ignição funcionava e coisas do tipo. Mas automação em carros permitiu separar isto, então dirigir agora é um assunto muito separado, por assim dizer, da engenharia do carro ou do aprendizado de como consertá-lo. Então a automação permite esta separação e também permite -- no caso da direção, e eu acredito também no caso futuro da matemática -- um modo democratizado de fazer isto. Pode ser difundido por um número muito maior de pessoas que realmente consiga trabalhar com isto.

Então tem outra coisa que vem com o básico. As pessoas confundem, eu acredito, a ordem das invenções das ferramentas com a ordem na qual elas deveriam ser usadas no ensino. Só porque o papel foi inventado antes dos computadores, não necessariamente significa que você consegue chegar mais no básico da matéria usando papel ao invés de um computador para ensinar matemática. Minha filha me proporcionou uma narrativa um tanto bacana sobre isto. Ela gosta de fazer o que ela chama de laptop de papel. (Risos) Então eu perguntei a ela um dia, "Sabe, quando eu tinha a sua idade, eu não fazia estas coisas. Você sabe por quê?" E depois de um ou dois segundos de cuidadosa reflexão, ela disse, "Não tinha papel?" (risos) Se você nasceu depois dos computadores e do papel, não faz diferença a ordem que usam isto para lhe ensinar, você só quer ter a melhor ferramenta.

Então outro que aparece é "computadores simplificam a matemática." Que de alguma forma, se você usa um computador, é só um apertar de botões estúpido, mas se você faz manualmente, é tudo esforço intelectual. Isto meio que me incomoda, preciso dizer. Nós realmente acreditamos que a matemática que a maioria das pessoas está praticando na escola hoje realmente é algo além de aplicar procedimentos a problemas que elas não compreendem de fato, por razões que elas não entendem? Acho que não. E o que é pior, o que elas estão aprendendo lá nem é mais útil na prática. Pode ter sido 50 anos atrás, mas não é mais. Quando eles estão fora da escola, eles fazem no computador. Só para deixar claro, eu penso que os computadores realmente podem ajudar com este problema, de fato, tornando-o mais conceitual. Claro, como qualquer grande ferramenta eles podem ser usados de forma completamente negligente, como transformar tudo em um show multimídia, como no exemplo que me mostraram alguém resolvendo uma equação manualmente, onde o computador era o professor -- ensinando ao estudante como manipular e resolver manualmente. Isto é loucura. Por que estamos usando computadores para mostrar a um aluno como resolver manualmente um problema que o computador deveria estar resolvendo? Tudo ao contrário.

Deixe-me mostrar que você também pode tornar os problemas mais difíceis de calcular. Normalmente na escola, você faz coisas como resolver equações de segundo grau. Mas quando você está usando um computador, você pode simplesmente substituir. Torne-a uma equação do quarto grau; torne-a mais difícil, em relação ao cálculo. Os mesmos princípios se aplicam -- cálculos, mais difíceis. E problemas do mundo real parecem malucos e horríveis como isto. São problemas bem cabeludos. Eles não são as coisas simples, elementares que vimos na matemática da escola. E pense no mundo exterior. Nós realmente acreditamos que engenharia e biologia e todas estas outras coisas que tem se beneficiado tanto com os computadores e a matemática de alguma forma conceitual foram reduzidos por usar computadores? Creio que não; muito pelo contrário. Então o problema que realmente temos na educação matemática não é que os computadores podem simplificá-la, mas que tenhamos problemas simplificados no momento. Bem, outro problema que as pessoas levantam é que de alguma forma os procedimentos de calcular manualmente ensinam a compreensão. Então se você passar por muitos exemplos, você pode conseguir a resposta -- você pode entender como o básico do sistema funciona melhor. Eu creio que há uma coisa que eu acho muito válida aqui, que é que eu acho que entender os procedimentos e os processos é importante. Mas tem uma forma fantástica de fazer isto no mundo moderno. É chamado de programação.

Programação é como a maioria dos procedimentos e processos são escritos hoje em dia, e também é uma ótima forma de envolver muito mais os estudantes e verificar que eles realmente entenderam. Se você realmente quer ter certeza que entende matemática então escreva um programa para fazê-la. Creio que é pela programação que deveríamos verificar a compreensão. Então para deixar claro, o que eu realmente estou sugerindo aqui é que temos a oportunidade única de tornar a matemática mais prática e mais conceitual, simultaneamente. Eu não consigo pensar em nenhuma outra matéria onde isto tenha sido possível recentemente. Geralmente é um tipo de escolha entre o vocacional e o intelectual. Mas eu acho que podemos fazer ambos ao mesmo tempo aqui. E nós abrimos tantas possibilidades a mais. Você pode fazer tantos problemas a mais. O que eu realmente acho que ganhamos disto é estudantes adquirindo intuição e experiência em muito mais quantidades do que eles jamais tiveram antes. E experiência com problemas mais difíceis -- poder brincar com a matemática, interagir com ela, senti-la. Nós queremos pessoas que possam sentir a matemática instintivamente. É isto que o computador nos permite fazer.

Outra coisa que ele nos permite fazer é reordenar o currículo. Tradicionalmente é por quão difícil é calcular, mas agora podemos reordená-lo por quão difícil é entender os conceitos, independente de quão difícil é calcular. Cálculo tradicionalmente é ensinado muito tarde. Por que isto? Bem, é muito difícil fazer os cálculos, este é o problema. Mas na verdade muitos dos conceitos são compreensíveis para uma faixa etária muito mais jovem. Este é um exemplo que eu criei para a minha filha. E muito, muito simples. Estávamos falando sobre o que acontece quando você aumenta o número de lados de um polígono para um número muito grande. E é claro, ele se transforma em um círculo. E a propósito, ela também insistiu muito em ser possível trocar a cor, um aspecto importante para esta demonstração. Você pode ver que este é um passo muito primitivo em direção a limites e cálculo diferencial e o que acontece quando você leva as coisas ao extremo -- e lados muito pequenos e um número muito grande de lados. Exemplo muito simples. Esta é uma visão do mundo que geralmente não damos às pessoas até muitos, muitos anos depois. E ainda assim, é uma visão prática do mundo muito importante. Então um dos bloqueios que temos ao levar este plano adiante são os exames. No fim, se testamos todos manualmente nas provas, é meio que difícil conseguir mudar os currículos a um ponto onde eles possam usar computadores durante os semestres.

E uma das razões pelas quais é tão importante -- então é muito importante ter computadores nas provas. Então podemos fazer questões, questões reais, questões como, qual é a melhor política de seguro de vida a escolher? -- questões reais que pessoas tem na sua vida cotidiana. E vejam, isto não é um modelo idiotizado aqui. Isto é um modelo real onde podemos ser solicitados a otimizar o que acontece. quantos anos de proteção você necessita? O que isto faz aos pagamentos e às taxas de juros e assim por diante? Não estou em nenhum momento sugerindo que seja o único tipo de questão que deveria ser perguntado em provas, mas acredito que seja um tipo muito importante que no momento é completamente ignorado e é crítico para as pessoas terem um entendimento real.

Então eu acredito que uma reforma crítica precisa ser feita na matemática baseada em computadores. Precisamos ter certeza que podemos levar nossas economias adiante, e também nossas sociedades, baseado na idéia de que as pessoas realmente podem sentir matemática. Isto não é um extra opcional. E o país que fizer isto primeiro vai, no meu ponto de vista, dar um salto à frente dos outros alcançando mesmo uma nova economia, uma economia aprimorada, uma perspectiva aprimorada. De fato, eu até digo para nos movermos daquilo que chamamos de economia do conhecimento para aquilo que chamaríamos de economia do conhecimento computacional, onde a matemática de alto nível está integrada ao que todos fazem da forma que o conhecimento atualmente integra. Podemos envolver muito mais alunos assim, e eles podem divertir-se fazendo isto. E, vamos entender, isto não é um tipo de mudança incremental. Estamos tentando transpor o abismo aqui entre a matemática escolar e a matemática do mundo real. E você sabe que se você caminha através do abismo, você acaba tornando as coisas piores do que se você nem tivesse começado -- desastre maior ainda. Não, o que estou sugerindo é que deveríamos saltar, deveríamos aumentar nossa velocidade para que seja alta, e deveríamos pular de um lado para o outro -- claro, tendo calculado nossa equação diferencial muito cuidadosamente.

(Risos)

Então quero ver um currículo matemático completamente mudado, renovado, construído da estaca zero, baseado em ter computadores lá, computadores que são agora quase onipresentes. Máquinas de calcular estão por toda parte e vão estar em todos os lugares em poucos anos. Nem tenho certeza se deveríamos chamar a matéria de matemática, mas o que tenho certeza é que é a matéria principal do futuro. Vamos buscar isto. E já que estamos no assunto, vamos nos divertir um pouco, por nós, pelos estudantes e pelo TED aqui.

Obrigado.

(Aplausos)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Detector de Passageiros Suspeitos

Essa semana, em meio a uma conversa com colegas sobre nossa pesquisa, lembrei-me de uma história que fazia parte do repertório de "causos" dos meus saudosos tempos de graduação, em Campina Grande, PB. Era mais ou menos assim:

Um de nossos professores pegou um taxi e, conversa vai, conversa vem, o taxista comentou sobre a onda de assaltos a taxis que estava acontecendo na época, e a preocupação que isso estava causando a todos os seus colegas... Nesse momento, o professor se identificou, mencionando todos os seus títulos acadêmicos, e disse que imaginava uma solução para esse problema:
Imagine uma caixinha - um aparelho eletrônico microprocessado - instalado aqui, no painel do seu taxi. Essa caixinha teria dois LED's: um vermelho, outro verde. Ao aproximar-se de um possível passageiro, se o LED verde acender, pode encostar sem medo, porque o passageiro não é suspeito, e não oferece risco, mas se o LED vermelho acender, isso indicaria que o passageiro é suspeito, possivelmente um assaltante, e aí o senhor simplesmente segue em frente, e não cai em sua armadilha.
O taxista ficou maravilhado!!! - aquilo era fantástico! - a solução definitiva para todos os problemas de assaltos!

Conversaram animadamente sobre as possibilidades desse aparelho e, quando deixou o professor em seu destino, dirigiu-se imediatamente para o sindicato dos taxistas, onde contou toda a história, e convenceu seus colegas sobre a importância de bancar o desenvolvimento desse aparelho.

Após quatro anos bancando o projeto, diversos papers sobre o assunto foram publicados, alguns deles em congressos internacionais... mas não havia sequer um protótipo, com um funcionamento aproximado àquele descrito na primeira conversa. Irritado, e pressionado por seus colegas, o taxista procurou o professor para uma conversa definitiva. Foi quando ouviu a seguinte explicação:
Amigo, acho que o senhor não compreende o que significa uma pesquisa acadêmica... Quando conversamos, eu lhe apresentei uma ideia de algo que solucionaria o seu problema - e o senhor mesmo concordou que a ideia era boa, e que valia a pena investir nela - mas eu nunca disse que eu já sabia como fabricar tal aparelho, nem mesmo se chegaríamos a tal resultado, algum dia.
Sem argumentos, o taxista voltou à sede do sindicato, e tentou explicar isso aos seus colegas.

Não sabemos o que aconteceu a partir daí... imagino apenas que aqueles taxistas compreenderam o que significa uma pesquisa acadêmica (pelo menos, uma parte delas)...

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